Mudança de Quicua para Quibaxe










Nossa Chegada a Quibaxe
13 de Maio de 1971













Nossa saida de Quicua, 13 de Maio de 1971












Quartel militar onde se instalou
a companhia 2606 em Quibaxe
1971
Rua principal da vila de Quibaxe
em 1971


No dia 13 de Maio de 1971, deixamos Quícua, e fomos para Quibaxe, juntamente com a CCS do batalhão de caçadores 2889,talvez um prémio por termos sido os mais sacrificados durante 18 meses no meio do mato, ali ficamos juntos no mesmo quartel, uma vila onde já tinha muitos habitantes de raça branca, e com muitos comércios, região dos Dembos,  já era uma vila onde nos podíamos divertir, aos sábados já haviam uns bailes em discotecas, e já nos podíamos divertir com as moças da nossa idade, embora quase tudo de raça negra.
Fomos substituir o batalhão de caçadores 2871, que também tinham acabado a sua comissão de serviço, e iam regressar a Portugal



Fortim do Dange nos Dembos
1971, eu na foto





fortim do Dange 1971
eu e o meu companheiro










Nova ponte sobre o rio Dange 1971
eu estou a direita 


Ponte destruida pelo inimigo

            










Também tínhamos um destacamento no Fortim do rio Dange, estávamos ai a fazer a proteção a uma ponte que já tinha sido destruída pelo inimigo, além do fortim do Dange, também tínhamos a nosso encargo,Bolongongo,Pango Aluquém,e Bom Jesus, foram 7 meses nestes locais, mas também patrulhávamos e controlávamos diversas fazendas de café, como a fazenda Santa Eulália, e outras que agora não me recordo.



Eu no Mercado de Quibala,
1971

Eu no meio, na fazenda
Stª Eulalia nos Dembos 1971





         












 Nesta fazenda Santa Eulalia, aconteceu um episódio menos agradável, com proprietário mandou nos chamar, pois dizendo que haviam empregados dele que tiveram contato com os turras, quando la chegamos, encontramos alguns com os olhos inchados, tinham levado porrada, mas o alferes não foi na conversa do proprietário e mandou reunir só os de raça negra, então o episodio era outro, quem não conseguisse colher uns determinados sacos de café, eram penalizados com a respetiva violência, e foi ali que também encontrei um senhor, já de idade e de raça branca a colher café junto com os nativos, contou ele que há 40 anos que não vinha ao Puto (Portugal), pois para estes foi bom a descolonização, este senhor, segundo ele disse era de uma freguesia pertencente a Viseu.
Planta de café nos Dembos 1971

Planta de café nos Dembos 1971













Além da região do Dembos ser mais calmo, mas foi nestas alturas que perdemos dois elementos da minha companhia de caçadores 2606, O António Leiras foi nomeado para fazer um curso de Pisteiro, mas noutra companhia, e a 13 de de Agosto de 1971 foi morto em combate.



Antonio do Vale Leiras
morto em combate em
13 de Agosto de 1971


Ainda não tínhamos recuperado a perda deste nosso camarada, quando passados 2 dias, a 15 de Agosto de 1971, morre  o nosso camarada, condutor, Joaquim Serralheiro, talvez fosse a ironia do destino, e foi no rio Dange, junto ao Fortim do Dange, ele quis fazer uma fotografia em cima de uma árvore, sobre o rio, o ramo partiu e ele caiu, mas sem consequências, mas continuando a insistir e foi para a mesma árvore para fazer a fotografia, pois a segunda foi fatal, caiu, bateu com a cabeça nas pedras que ali existiam, e desapareceu nas correntes do rio,, mas ainda hoje pensamos, como foi possível passar o corpo por entre os destroços da antiga ponte, e só o encontramos passados 5 dias, e a uma distancia de 4 km, ao de cima da agua, preso por um ramo.






Joaquim Serralheiro, morreu afogado no rio Dange
perto do Fortim do Dange 15 de Agosto 1971






Eu debaixo da ponte sobre
o rio Dange, 1971


Eu nas margens do rio Dange 1971
foi aqui que morreu um elemento da nossa
companhia, afogado

      












Foi nesta região que vi mais atrocidades praticadas pelos turras, pois o que eles faziam era mesmo terrorismo, fomos chamados a intervir numa sanzala que tinha sido atacada durante a noite,fomos, mas a pide  (DGS) também foram,, eles tinham que fazer também o relatório deles, quando chegamos, numas se, se chorava, noutras cantavam, noutras dançavam, era onde haviam mortos e feridos,trouxemos 3 crianças par o hospital de Quibaxe, umas com munições no ventre, outras com golpes de catanas na boca, outras no corpo, mas os nativos conseguiram abater um elemento inimigo a catanada, como era noite escuro ele se perdeu dos outros, e falou na lingua deles perguntando onde estavam, os nativos responderam, -estamos aqui , ele veio ao encontro deles e os nativos lhe retalharam a cabeça com golpes de catana.






Isto e uma Catana




2 comentários:

  1. Camarada,eu fui da Companhia de Engenharia 2580 que fez o Fortim do Dange e abrimos a picada do Zenza ao Bom Jesus,onde chegámos já noite e como não tinham sido avisados da nossa chegada,por pouco não houve tiroteio.Em Agosto de 71,e por ordem do Tenente-Coronel Vasco Gonçalves,já com a comissão acabada,fomos enviados para Santa Cruz,reabrindo uma picada que passava pela Foz de Massanza,Quícua e Quimbele,voltando de novo a Santa Cruz,No dia 12 de Setembro de 1971,no intenerário de Sanza Pombo para Macocola,fomos chamados a socorrer uma fazenda que estava a ser atacada.Infelizmente chegámos tarde.Estava tudo morto.Foi onde vi uma senhora branca e duas meninas esventradas à catanada,Não esqueço,pois é o dia do meu aniversário ,e foi "a prenda de anos que tive".

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  2. Obrigado amigo Liberato, pois em Agosto de 1971 estávamos nós no Fortim do Dange, e depois de deixar para trás Quicua e Santa Cruz onde passamos grandes sacrifícios,depois de estar em Quibaxe ate parecia que estávamos em férias, um abraço

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