Embarque No Niassa



Paquete Niassa que nos transportou de Lisboa ate Luanda,
20 de Outubro de 1969
No dia 20 de Outubro de 1969, embarquei no Niassa, com destino a Luanda, Angola, foi muito difícil a nossa partida, com os familiares a despedirem-se, e nós com a incerteza se os chegaríamos a voltar a ver e abraça-los, mas tivemos que nos convencer que era uma missão que tínhamos que cumprir, pelo menos 2 anos, os primeiros dias sobre o mar foram difíceis,as camas eram nos porões de carga do Navio, pois este Navio era de carga, camas improvisadas umas sobre as outras,os colchões era uma esponja, a cobertura de cada porão era um oleado por cima do porão para que os orvalhos da noite não caíssem sobre nós, com enjoo, muitos a vomitarem no barco, mas ao mesmo tempo se tornou uma viagem esplêndida, só se via agua, com os peixes voadores a voarem na frente do barco,e os golfinhos e tubarões atrás do navio a nos brindarem com as suas belezas.
Pela manha tomávamos o pequeno-almoço na proa do barco e em pé, e a segurar a chávena do café, de outra maneira com as ondulações do mar, o café se vertia todo, e ao meio dia, era numa sala no centro do navio Niassa, e servidos pelos assistentes de bordo do Navio, e quem fez estas viagens, se recordam que havia o respectivo contrabando de relógios, tabaco e whisky.



Certificado de vacinas, contra doenças tropicais
Outubro 1969
 Passados uns dias da viagem la vieram os serviços sanitários com as vacinas, ainda hoje estou para saber quais eram os fins, e para que serviam aquelas injecções, todos deitados de barriga para baixo: um esfregava o álcool, outro espetava a agulha, outro injectava o líquido e outros faziam o resto, o certo e que alguns se viram mal com a tal dita injecção, mas tudo correu bem graças a Deus.
Ao meio da viagem, e quando chegamos a linha do Equador também foi feito uma festa no navio, a comemorar a passagem da linha do  Equador.
Durante a viagem tínhamos que passar o tempo de alguma maneira, então jogávamos as cartas, e se jogava a lerpa a 1 tostão de cada vez, era pouco, mas chegaram haver lerpas de 50 escudos e mais, mas um dia apareceu la um aspirante, malandro e havia cerca de 60 escudos no monte da lerpa, o malandro do aspirante mandou levantar tudo, e se colocar tudo em sentido, agarrou no dinheiro e se foi embora, considerei isto mais um roubo que uma punição, pois ele nunca mais devolveu o dinheiro, mas a tropa era assim.
No dia 1 de Novembro de 1969,ao romper do dia, comecei avistar terra, eram terras de Luanda, mas quando avistei as árvores da cidade, fiquei com medo, e pensei, será que os turras, nossos inimigos estarão ali escondidos? Mas nada era verdade, mas o medo nos atormentava.
Quando deixei o Niassa, dava a impressão que o chão fugia debaixo dos pés. 





Eu nas traseiras
do Niassa 1969
Eu, durante a viagem
no Niassa 1969














2 comentários:

  1. É bom saber um pouco como eram as coisas a bordo do Niassa. O meu avô embarcou no Niassa rumo à Guiné em 63.

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